O processo de
planejamento dos transportes tem sido sintetizado como a busca da eficiência em
movimentações, realizando uma viagem entre dois pontos da maneira mais rápida e
segura possível. Essa tendência, que prioriza a mobilidade, tem sem mostrado
ser tão boa quanto ruim. Ao primar pela velocidade, em alguns casos
proporcionou aumento de produção e desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em
que ao negligenciar acessibilidade e preocupação ambiental, essa mesma ação
provocou segregação social e danos ambientais em outros casos. Por esse motivo,
tem se dado maior importância ao planejamento que associa os transportes às
suas implicações econômicas, sociais e ambientais.
A base para o processo
de planejamento é constatação da demanda atual e previsão da demanda futura. De
posse desses dados é possível traçar estratégias para atender a essa demanda. O
método de previsão de demanda mais largamente utilizado é o chamado “Processo
de Previsão da Demanda em 4 Etapas” ou “Modelo de 4 etapas”. Como sugere o
nome, o modelo é segmentado em quatro diferentes etapas: Geração de viagens, distribuição
de viagens, divisão modal e alocação de viagens. São os resultados desse método
que definem as estratégias a serem adotadas. O primeiro passo, geração de
viagens, estima o número de viagens produzidas ou atraídas por um local. Para
uma casa, por exemplo, são considerados fatores como área construída, renda e
número de veículos motores para essa estimativa do número de viagens. No passo
seguinte, distribuição de viagens, estima-se o número de viagens para
diferentes destinos (supermercados, cinemas, etc.). O terceiro passo, divisão
modal, aloca as viagens previstas nos diferentes meios de locomoção existentes
(automóveis, ônibus, a pé, etc.).Podem ser usados modelos distintos que estimam
a probabilidade de escolha de um determinado meio de locomoção baseado em
fatores como a renda do usuário. A alocação de viagens, último passo, utiliza-se
de modelos computacionais para alocar as viagens previstas em uma determinada
rede de transporte para avaliar sua performance. Esse modelo de 4 etapas é uma
importante ferramenta para o processo de planejamento de transportes. No
entanto, ele possui deficiências que limitam seu uso na visão moderna de
planejamento. Entre essas deficiências pode-se citar sua ênfase em mobilidade e
quantidade ao invés de acessibilidade. Há também, geralmente, a preferência por
um único modal e uma falta de conexão entre modais, na contramão da
multimodalidade e intermodalidade que o planejamento moderno prega.
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