sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Planejando transportes

O processo de planejamento dos transportes tem sido sintetizado como a busca da eficiência em movimentações, realizando uma viagem entre dois pontos da maneira mais rápida e segura possível. Essa tendência, que prioriza a mobilidade, tem sem mostrado ser tão boa quanto ruim. Ao primar pela velocidade, em alguns casos proporcionou aumento de produção e desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em que ao negligenciar acessibilidade e preocupação ambiental, essa mesma ação provocou segregação social e danos ambientais em outros casos. Por esse motivo, tem se dado maior importância ao planejamento que associa os transportes às suas implicações econômicas, sociais e ambientais.

A base para o processo de planejamento é constatação da demanda atual e previsão da demanda futura. De posse desses dados é possível traçar estratégias para atender a essa demanda. O método de previsão de demanda mais largamente utilizado é o chamado “Processo de Previsão da Demanda em 4 Etapas” ou “Modelo de 4 etapas”. Como sugere o nome, o modelo é segmentado em quatro diferentes etapas: Geração de viagens, distribuição de viagens, divisão modal e alocação de viagens. São os resultados desse método que definem as estratégias a serem adotadas. O primeiro passo, geração de viagens, estima o número de viagens produzidas ou atraídas por um local. Para uma casa, por exemplo, são considerados fatores como área construída, renda e número de veículos motores para essa estimativa do número de viagens. No passo seguinte, distribuição de viagens, estima-se o número de viagens para diferentes destinos (supermercados, cinemas, etc.). O terceiro passo, divisão modal, aloca as viagens previstas nos diferentes meios de locomoção existentes (automóveis, ônibus, a pé, etc.).Podem ser usados modelos distintos que estimam a probabilidade de escolha de um determinado meio de locomoção baseado em fatores como a renda do usuário. A alocação de viagens, último passo, utiliza-se de modelos computacionais para alocar as viagens previstas em uma determinada rede de transporte para avaliar sua performance. Esse modelo de 4 etapas é uma importante ferramenta para o processo de planejamento de transportes. No entanto, ele possui deficiências que limitam seu uso na visão moderna de planejamento. Entre essas deficiências pode-se citar sua ênfase em mobilidade e quantidade ao invés de acessibilidade. Há também, geralmente, a preferência por um único modal e uma falta de conexão entre modais, na contramão da multimodalidade e intermodalidade que o planejamento moderno prega.

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