Em agosto celebra-se o dia do pedestre e este ano
temos um resultado a comemorar. Desde 2011 o número de atropelamentos com
vítimas fatais tem diminuído em Manaus. A queda pode ser em parte atribuída a
campanhas educativas do órgão municipal de trânsito, como o “Tô na faixa”, em
que a população é orientada a respeitar a faixa de pedestres. Esse tipo de
campanha educativa é essencial para a humanização do nosso trânsito, mas será
que só isso basta? A Engenharia de Tráfego nos ensina que quando alvejamos a
segurança no trânsito, o conceito dos três E’s é imprescindível. São eles, do
inglês, Engineering, Education e Enforcement. Na tradução temos algo como Engenharia, Educação e
Cumprimento. Já temos algum sucesso com medidas de educação e cumprimento,
através de programas educativos e fiscalização intensa. No entanto ainda temos
uma Engenharia ultrapassada. Entende-se por Engenharia a alteração física da
aparência e traçado de vias. Um dos grandes avanços dessa Engenharia são os
dispositivos acalmadores de tráfego. Já consagrados na Europa e em crescente
aceitação no resto mundo, eles são barreiras físicas que tem por finalidade dar
maior segurança a pedestres e ciclistas em nossas ruas. Rotatórias, extensões
de calçada, estreitamento de faixas de trânsito, zonas de refúgio de pedestres
e lombofaixas, todos esses dispositivos visam diminuir a velocidade de
automóveis.
O risco de morte em atropelamentos aumenta de 5% a 30
Km/h para 45% a 50 Km/h e impressionantes 85% a 60 Km/h. Fica evidente que a
redução da velocidade é crucial não só para motoristas poderem evitar batidas
entre si, mas também para a sobrevivência de transeuntes e ciclistas em
colisões diretas com veículos. Embora a legislação de trânsito preveja a
segurança de pedestres, ainda não vemos muitos desses dispositivos em Manaus.
Um incentivo para reverter essa situação é o Projeto de Lei nº 126/2014 que
está tramitando na CMM desde abril desse ano. Ele trata da instalação de
lombofaixas, que são faixas de pedestres especiais instaladas sobre piso
elevado no mesmo nível da calçada.
A escolha do aclamador de tráfego depende das
características da via. Se analisarmos as avenidas campeãs de atropelamento na
cidade, Djalma Batista e Grande Circular, veremos que nem todos acalmadores de
tráfego seriam ideiais para elas por serem possíveis catalisadores de
congestionamento. O uso das variedades de dispositivos é mais abrangente em
ruas residenciais, onde grandes fluxos de veículos e velocidades são mais
indesejáveis.
Vivemos em uma época onde esbraveja-se a importância
do transporte público mas muitas vezes é negligenciada a importância da
segurança e conveniência necessárias para o usuário andar de sua casa até o
ponto de ônibus ou estação de metrô. Acalmadores de tráfego devem ser vistos
como aliados do transporte público e não como interferências. De certa forma
eles são também agentes de justiça social por devolverem a pedestres o direito
a andar nas ruas que tem sido tirado pelos automóveis.
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