sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Acalmando nossas ruas

Em agosto celebra-se o dia do pedestre e este ano temos um resultado a comemorar. Desde 2011 o número de atropelamentos com vítimas fatais tem diminuído em Manaus. A queda pode ser em parte atribuída a campanhas educativas do órgão municipal de trânsito, como o “Tô na faixa”, em que a população é orientada a respeitar a faixa de pedestres. Esse tipo de campanha educativa é essencial para a humanização do nosso trânsito, mas será que só isso basta? A Engenharia de Tráfego nos ensina que quando alvejamos a segurança no trânsito, o conceito dos três E’s é imprescindível. São eles, do inglês, Engineering, Education e Enforcement. Na tradução temos algo como Engenharia, Educação e Cumprimento. Já temos algum sucesso com medidas de educação e cumprimento, através de programas educativos e fiscalização intensa. No entanto ainda temos uma Engenharia ultrapassada. Entende-se por Engenharia a alteração física da aparência e traçado de vias. Um dos grandes avanços dessa Engenharia são os dispositivos acalmadores de tráfego. Já consagrados na Europa e em crescente aceitação no resto mundo, eles são barreiras físicas que tem por finalidade dar maior segurança a pedestres e ciclistas em nossas ruas. Rotatórias, extensões de calçada, estreitamento de faixas de trânsito, zonas de refúgio de pedestres e lombofaixas, todos esses dispositivos visam diminuir a velocidade de automóveis.
O risco de morte em atropelamentos aumenta de 5% a 30 Km/h para 45% a 50 Km/h e impressionantes 85% a 60 Km/h. Fica evidente que a redução da velocidade é crucial não só para motoristas poderem evitar batidas entre si, mas também para a sobrevivência de transeuntes e ciclistas em colisões diretas com veículos. Embora a legislação de trânsito preveja a segurança de pedestres, ainda não vemos muitos desses dispositivos em Manaus. Um incentivo para reverter essa situação é o Projeto de Lei nº 126/2014 que está tramitando na CMM desde abril desse ano. Ele trata da instalação de lombofaixas, que são faixas de pedestres especiais instaladas sobre piso elevado no mesmo nível da calçada.
A escolha do aclamador de tráfego depende das características da via. Se analisarmos as avenidas campeãs de atropelamento na cidade, Djalma Batista e Grande Circular, veremos que nem todos acalmadores de tráfego seriam ideiais para elas por serem possíveis catalisadores de congestionamento. O uso das variedades de dispositivos é mais abrangente em ruas residenciais, onde grandes fluxos de veículos e velocidades são mais indesejáveis.

Vivemos em uma época onde esbraveja-se a importância do transporte público mas muitas vezes é negligenciada a importância da segurança e conveniência necessárias para o usuário andar de sua casa até o ponto de ônibus ou estação de metrô. Acalmadores de tráfego devem ser vistos como aliados do transporte público e não como interferências. De certa forma eles são também agentes de justiça social por devolverem a pedestres o direito a andar nas ruas que tem sido tirado pelos automóveis.

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